APRESENTAÇÃO GERAL _
O projeto Histórias Grapiúnas - Pesquisa consiste em uma pesquisa endereçada a embasar a futura realização do longa-metragem e da série documental Nação Grapiúna.
A partir do olhar crítico, o filme abordará o processo de construção da identidade cultural de uma região específica da Bahia, conhecida como região cacaueira. A região tem como eixo histórico os municípios de Ilhéus e Itabuna. Estes municípios constam no centro de diversas demarcações geográficas institucionais, a exemplo da extinta mesorregião Sul Baiano ou a regionalização atual por Território de Identidade Litoral Sul da Bahia.
Entretanto, nossa investigação não se delimita por nenhuma dessas organizações territoriais citadas, que consistem em eixos centrais nos aspectos sociais e/ou econômicos. Em nossa pesquisa, partimos da leitura da literatura ficcional modernista regionalista e dos memorialistas, priorizando o aspecto cultural, que se desenvolve em plena potência a partir da ascensão da civilização do cacau em 1930 - com o aval de intelectuais como Adonias Filho e Jorge Amado.
Na construção da narrativa oficial da região, nosso território ergue-se com base na política do coronelismo e na economia da monocultura do cacau. Em contraponto às posições oficiais, buscamos valorizar narrativas sobre o desenvolvimento histórico e cultural locais, que entendam sua constituição em relação às referências afro-brasileiras, indígenas e populares.
Através desse site, pudemos organizar os frutos de nossa pesquisa, criando:
a) um acervo de filmografia; b) um acervo de teses e dissertações; e c) cinco episódios do podcast Enfiados na Lama, realizados em parceria com a Carranca Produções. Além disso, a pesquisa resultou no projeto narrativo da série Nação Grapiúna, estruturado em cinco episódios.
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A identidade visual, produzida por Diogo Correia em diálogo com os diretores Gabriel Galego e Carlos Ortlad, sintetiza em imagem os debates da pesquisa: a cor principal da paleta remete ao chão, a terra vermelha da região. O cacaueiro bambo e escorado, que inclusive pode ser visto no centro da cidade de Itabuna, representa a decadência da “civilização do cacau”. Amarrada nela, o grilhão, corrente antiga do tempo da escravidão, remetendo ao trabalho forçado que levantou e organizou a região.
Não por acaso, a árvore está sustentada por madeiras com grafismos indígenas - demarcando o trabalho e a presença indígena que sempre atravessou o território. A espingarda, escorada no cacaueiro, fala sobre o antigo poder de fogo dos coronéis de cacau e seus jagunços. Os pássaros pretos, viuvinhas graúnas, que podem ter dado origem ao termo “grapiúna”, estão migrando para a esquerda, também abandonando o cacaueiro.
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O projeto foi dirigido por Carlos Ortlad e Gabriel Galego, com pesquisa realizada por Lucca Fernandes, Wenderson Ribeiro e Rafael de Souza.
Para desenvolver a pesquisa e elaborar o projeto narrativo da série tivemos consultorias de pesquisa e projeto com Glicélia Tupinambá, Talita Arruda e Marina Tarabay.
O webdesign do site-acervo foi realizado com Guilherme Fontes e Edelsio Lima.
A produção foi realizada por Felippe Calazans, Carlos Ortlad, Gabriel Galego, Marcos Alves de Souza, Nahraujo e Mano. E a comunicação foi realizada pela APP Produções e Gabriele Galvão.
O projeto é uma realização da FLIP em parceria com a Praça Produções Culturais e Carranca Produções, tendo sido coordenado por Gabriel Galego e Carlos Ortlad. Contou com patrocínio da Companhia de Gás da Bahia - Bahiagás e do Governo do Estado, através do Fazcultura, Secretaria de Cultura e Secretaria da Fazenda.